Golan Heights e Galilee See

Hoje é o dia programado para irmos para o norte do país. Afinal, Israel é um país pequeno e com 2 semanas e um carro seria maldade deixarmos metade do país para trás. Bora então descobrir como é o norte. O plano era irmos para Galiléia, especificamente para o Mar (lago) da Galiléia.

Colocamos o GPS para Tiberias. Que não sei por que raios foi traduzido para Tiberíades. Deve ser o mesmo cara q traduziu Amsterdã para Amsterdão, Avignon para Avinhão (eu tenho um mapa em casa que é nesse nível, qualquer dia posto a foto aqui). Ou talvez o mesmo que traduziu o apóstolo St. James para São Tiago. Aliás, esse é um joguinho q a gente gosta de brincar nas viagens: “Como você traduziria esse país/cidade?”. Obviamente Golan Heights em português deveria ser Colinas de Golão… e sim, acabei de googlar e muita gente chama Golan de Golão.

Enfim, Tiberias ou Tiberíades (como queira) foi o primeiro destino que colocamos no GPS. E chegamos em 1h e pouco. Nos lembrou muito cuba. Tem alguns hotéis enormes, mas sem turistas. Tem um centro de informações meio decadente, com uma praça meio decadente. Enfim, a cara de Cuba.

A tia do centro também não ajudou muito. Ela citou 2 ou 3 igrejas, mas igreja não queríamos mais – já tivemos uma boa overdose em Jerusalém. Perguntamos a ela sobre as Colinas de Golão, mas ela também foi meio indecisa na resposta. Enfim, tudo meio indeciso.

Resolvemos explorar a cidade por conta mesmo. Ela é na beira do mar da Galiléia, que na verdade é um lago (por sinal o lago de água doce mais baixo do mundo, vários metros abaixo do nível do mar… o mais baixo de todos é o mar morto, que iremos conhecer daqui 2 dias).

Acabamos parando o carro aqui e ali, explorando um pouco, praguejando um pouco mais os israelenses que ADORAM uma buzina – mais do que paulistano. O lugar é legal, o lago é bonito.

Mas foi no TripAdvisor que a gente teve a melhor recomendação: o Arbel National Park. Fizemos uma caminhada de 1 hora por lá, e as vistas foram sensacionais. Isso sem contar que estava tudo florido, com centenas de flores decorando ali. Cruzamos com um “suposto startupeiro” porque ele era de israel (50% de ter uma startup) e morava em São Francisco (99,9% de ter uma startup), mas ficamos com vergonha de perguntar qual startup ele tinha e parecermos meio idiotas, o que convenhamos, seria verdade.

 

Colinas de Golão

Enfim, Depois de algumas fotos e um tempinho apreciando a paisagem, fomos em direção às “Colinas de Golão“, sem muito saber o que iríamos encontrar ali. Não sei se foi só impressão minha, mas parece que as informações sobre o Norte de Israel não são muito precisas/confiáveis. Sei lá, o fato é que estávamos quase na fronteira com a Síria e ainda não sabíamos onde ir.

E conforme íamos chegando mais perto da fronteira da Síria, com menos carros íamos cruzando, e parecia que o clima estava ficando um pouquinho mais tenso. Foi aí que decidimos ir até o Mount Bental (em português, nosso amigo traduziria por Monte Bentálio, ou Morro Bêntalo, talvez) que tinha uma boa vista da Síria, do Mar da Galiléia e todo o restante.

Só que acabou que como tínhamos colocado no mapa Golan Heights apenas (o que é uma região e não um lugar específico), acabou que, para ir para o Mount Bental, teríamos que passar pela Rodovia 98. A Rodovia 98 simplesmente vai margeando toda a Síria. Mari, será que não é perigoso?
Bom, vamos colocar no google:

E a Rota 98 é basicamente essa:

E é claro que a gente vai por essa estrada, afinal de contas, no TripAdvisor todo mundo falou que era seguro. E rumamos pela 98 que costeava a Síria em uma distância de 3km mais ou menos. Somos aventureiros, não somos?

E foi só a gente entrar na rodovia que a gente começou a mudar de ideia. Todos os lugares tinham aviso de tanques de guerra, minas e proibido-entrada-sob-risco-de-levar-tiro (inclusive com umas caveiras desenhadas). Começamos também a ver um monte de casa e uma mesquita abandonados/destruídos pela guerra. Começou a dar uma pontinha de medo. Eu já tava com vontade de fazer xixi que se agravara com a tensão do momento (sabe igual quando a gente era criança e ficava escondido no esconde-esconde?). E aí, depois de uma curva, a gente levou um susto com um tanque de guerra que estava do nosso lado, num lamaceiro perto do acostamento. Só a ideia daquilo poder virar o canhão pra gente a qualquer momento já gelou a espinha. Quer saber? Dei meia volta, e fomos embora daquela estrada. Perdemos uns 20 minutos pela volta a mais, mas eu parei no primeiro posto, finalmente fiz xixi e naquele momento era a pessoa mais tranquila e feliz no mundo.

No fim, a gente acabou passando por vários tanques de guerra. Inclusive ultrapassamos dois na estrada (eu vivi pra poder falar que ultrapassei um tanque de guerra na rodovia), que estavam sendo transportados por caminhões. Também estava rolando dois helicópteros fazendo alguns exercícios militares. E vários soldados e pessoas pedindo carona (e se forem infiltrados do ISIS? sim, rolou essa nóia maluca e não demos carona).

Subimos finalmente o Mount Bental e é indescritível a vista dali. Foi a primeira vez que vi os escombros de uma guerra. Dava pra ver bem a cidade de Al Qunaitra, que foi destruída na guerra tanto entre 1960 e 1970 entre Israel e a Síria, como também em 2014 com as forças rebeldes do governo Assad. A cidade é essa aqui:

Tem algo de fascinante em cidades fantasmas e nessa há mais ainda, porque ela foi destruída por uma guerra. Pode até parecer idiota, mas estar perto de uma guerra é uma sensação diferente, de verdade. Tanto que nunca tinha pensado nisso, e quando pensei já existia: muita gente faz turismo de guerra. Tanto que tem até um verbete na wikipédia.

No fim das contas, mais tranquilos pela visão panorâmica que tivemos (e não encontrado nenhum terrorista perambulando na fronteira – quem a gente encontrou de novo foi o startupeiro!), acabamos voltando pela Rota 98 para passar perto da cidade-fantasma e quem sabe ver algum tanque de guerra pra tirar foto!

E depois de tanto cenário de guerra, a verdadeira batalha que tivemos foi ter ido em um banheiro de um posto de gasolina lotado, que (i.) era misturado homens e mulheres; e (ii.) não tinha tranca na porta. Essa sim, foi a pior e mais diferente experiência do dia!

Voltando pra cidade santa, jantamos em um lugarzinho charmoso/gostoso chamado Focaccia Bar e depois fomos dar uma voltinha e de quebra ouvimos uma musiquinha ao vivo em uma praça. Fim.

4 Comments

  1. Q experiência incrivel!!! Fiquei tensa só de ler.. Bjos meus amores

  2. Gente que medoooo, você são muito aventureiros ahahaha que bom que correu tudo bem e agora vocês tem uma experiência e tanto pra contar, afinal, não é fácil fazer xixi num banheiro sem tranca… ahahahah

    Beijoos

    • Começou tudo tão lindo, lugares, fotos, até uma florzinha fofa…
      Mas depois tudo foi mudando, tensão, medo, tanques de guerra, cidades destruídas…
      É, vcs tem várias experiências e aventuras…. diga-se de passagem” terríveis ” para a mamy aqui lendo esses relatos.
      Já rezei, rezei e rezei….
      Essa viagem não acaba, meu Deusss
      Amo demais

  3. Migos que rolê!! Fotos maravilhosas!
    Fiquei curiosa sobre startupeiro ahahahahhaa
    Se cuidem <3

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